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quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Ibitipoca – as trilhas, minha impressão.

Quando vamos fazer uma trilha fora, seja enduro ou trilhão, ficamos um pouco apreensivos do que nos espera, se vai ter muita pegação, se vamos conseguir terminar, mesmo sabendo que andamos em lugares como na região do Guaraná Quente que tem de tudo. Antes da competição o que mais me “assustava” no Ibitipoca era a quilometragem, 141 km no primeiro dia e 175 km no segundo. Não estou a costumado a tanto, as provas da Copa Vale do Café tem em média 70, 80 Km, quando fazemos trilhas dificilmente passamos disso. Pois bem no sábado largamos eu e o Reginaldo na categoria duplas de Juiz de Fora rumo ao neutro de Lima Duarte, 86 km, trilha, estrada, trilha, estrada e no meio de uma trilha tipo a nossa rio do sal mais de 40 motos paradas esperando passar uma a uma, perdemos uns 20 minutos parados ali, e a pedra nem era tão difícil de passar. No final chegamos inteiros no neutro, pensei, até aqui tranqüilo. Saímos do neutro para mais 55 km até a vila de Ibitipoca. A hora que eu carreguei meu totem me lembro de ter visto que a prova teria 5h25. Eu estava navegando e a prova começou a ficar pesada, estávamos subindo a serra, comecei a ficar sem braço e numa trilha com um top e uma raiz lá no finalzinho dei um back flip, minha moto virou e quebrou o totem e o Road book. Continuamos com o Reginaldo navegando e próximo a vila muitas trilhas de pedra, cada degrauzão, e de repente vi uma Igrejinha e perguntei pro Reginaldo quanto tempo tinha de prova, pensando que havia acabado e ele disse que já tinha algo em torno de 5h35. Pensei mas não eram 5h25, dali pra frente estava bastante cansado e não demorou a terminar o primeiro dia. Eu estava cansado e com dor de cabeça, coisa rara de eu ter.

Largada no domingo, pela frente 175 km e 6h46 de prova, pqp. Largamos fazendo uma trilha com pedras que fizemos no dia anterior, saía de uma trilha e entrava em outra, atrasados, cano cheio o tempo todo. Muuuuita trilha e pesada, começou a dar cãibra nas pernas. Passamos em alguns atoleiros que também havíamos passado no dia anterior, então você imagina como eles estavam depois de ter passado 350 motos no sábado e 300 no domingo, a categoria duplas foi a última a largar. O Reginaldo fez uma escolha errada e atolou a traseira da moto até o talo. Ninguém coloca a mão na moto do outro, tinha uma moto de lado dentro do atoleiro, passei bem e fui ajudar a tirar a moto do Reginaldo, tiramos a moto e ela tirou minhas forças, kkkk. Mas não dava pra ficar parado, vamos embora. O Reginaldo também já estava com cãibra mas aceleramos. Passamos um riozinho, entramos num bambuzal e ali estava uma baita laje de pedra pra subir, um monte agarrado. Nesse ponto estava o Dectra e o Carioca ajudando alguns. Eu e meu parceiro subimos bonito, o Carioca nem nos viu passar. Aquela laje de pedra era o início de uma subida de uns 2 km, pedra e areia branca. Chegamos numa subida forte de areia, a moto quase pára, pensei comigo, aqui é o cemitério das Tornados que o Zé Tiro falou. Muito bom você ir vencendo aqueles obstáculos. Dali pra frente só pedreira, só trilha pesada, não tinha uma estradinha, pedra e areia. Como estávamos atrasado não tivemos nenhum neutrinho, o Reginaldo parou com cãibra nas pernas e disse: “vamos parar no neutro?” e eu respondi: vamos ver como vamos estar lá. Seguimos, teve um laço e passamos novamente numa decida de pedra de arrebentar o braço. Cheguei no neutro disposto a abandonar, afinal o Reginaldo já havia feito a proposta, um monte de moto encarretada e a dupla Adaldo/Zé Tiro estavam parando devido a dores na coluna do Zé. Comemos, bebemos, neutro mil, Tarciso, Milton, Carioca, Leitão e Dectra foram foda, mas isso eu conto em outro post, o Reginaldo se animou de novo, pqp, a galera começou a botar pilha e voltamos pra prova. Faltavam ainda 98 km, imagina? Cabo enrolado num estradão, algumas trilhinhas leves e erramos a planilha e fizemos novamente uma trilha do dia anterior, um decidão que não acabava, tinha um outro competidor com a gente que disse que dali poderíamos chegar no neutro do Bar do Zé. Fomos embora e o cara ficou pra trás nessa decida, muita pedra. Chegamos a pegar o asfalto e entramos na estrada de terra que vai pro bar do Zé, só passava carro com as motos em cima, muita gente abandonando. Chegamos no neutro decididos terminar a prova, colocamos 1 litro de gasolina em cada moto, bebemos uma coca-cola e acelera. Um outro estradão, fomos passando por competidores mais cansados do que a gente e minha moto começou a sambar, pneu furado. Tinha um cara carrapateando a gente, o cara viu acelerou e foi falar com o Reginaldo, só vi o Reginaldo fazendo sinal de não. Pensei! O Reginaldo quer mais é que se foda se meu pneu furou, kkkk, mas ele não havia entendido. Abandonamos a prova ali, mas ainda andamos pelo menos uns 30 km de estrada até chegar a Juiz de Fora. Em quilometragem praticamente terminamos a prova. Ficamos em 14º no primeiro dia, 21º no segundo e 19º no geral, tinham 34 duplas e muita gente graduada. Eu, e o Reginaldo também, me senti realizado de participar de uma prova daquelas, dura, bonita, organizada, me fez lembrar quando em 1982, eu tinha 7 anos, vi passar o Independência em Valença, minha cidade, e eu pensava um dia vou fazer isso. Uma medalha bonita no peito e muitas lembranças.
Lição: Qualquer trilheiro pode participar de uma prova dessa, mas é bom se preparar, coisa que eu e meu parceiro não fizemos, até o 23º Ibitipoca Off Road.       
Marcelo Zacarias Magalhães.  #323A no meu primeiro IOR.

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